segunda-feira, outubro 31, 2005

Fitas #3


É já no próximo dia 22 de Novembro que "War of the worlds", a versão pós-11 de Setembro do clássico de H. G. Wells, chega aos DVD's domésticos.
Naquele que o Imberbe considera ter sido o grande filme de 2005, Steven Spielberg consegue a proeza de nos surpreender e aterrorizar com
a história de Ray Ferrier, um pai em perda que se redime salvando os seus dois filhos de uma invasão extra-terrestre. Mais uma excelente interpretação de Tom Cruise, a confirmar o seu lugar de melhor actor da sua geração.
A espaços intimista e megalómano (nunca o pânico foi tão bem filmado), muito longe dos excessos patriótico-imbecilizantes de um "Independence Day", esta obra-prima deve constar obrigatóriamente da DVDteca do bom cinéfilo zeloso.

sábado, outubro 29, 2005

Bela Lugosi is not dead


Segundo a edição de hoje do pasquim "Jornal de Notícias", os Bauhaus, velha agremiação gótico-filarmónica muito do agrado do Imberbe, actuarão no Coliseu do Porto a 17 de Fevereiro de 2006.
Apesar do site oficial, disponível em www.bauhausmusik.com, não confirmar a notícia, acredita-se por aqui nas fontes do periódico dos Irmãos Oliveira, e já se marcou a lipstick negro tal data no calendário das Edições Salesianas que o Imberbe tem afixado no seu modesto tugúrio, mesmo por cima do passe-partout com a foto autografada de George Bush Pai.

quarta-feira, outubro 26, 2005

A brincar aos anjinhos



Para surpresa da nação, "Playing the angel", o novo álbum dos Depeche Mode, atingiu esta semana o lugar cimeiro do top de vendas luso.

O Imberbe, fã do trio de Basildon, aplaude a façanha e aproveita para recomendar a audição e compra compulsivas deste regresso à boa forma dos autores de melopeias intemporais como "Behind the wheel", "Enjoy the silence" ou "Everything counts".

Quanto às hordas de adolescentes pré-menstruais arrasadas pela derrota dos D'Zrt, destronados em bom tempo do primeiro lugar das listas de vendas, o escriba recomenda calma e leituras atentas do último opus do mini-feiticeiro de Hogwarts.

domingo, outubro 23, 2005

Cavalheiros tiram "Polaroids"


O Imberbe deposita grandes esperanças no trio Cindy Kat (e perdoa o tonto nome de baptismo), do qual são integrantes Pedro Oliveira e Paulo Abelho, respectivamente vocalista e percussionista da Sétima Legião, septeto que o escriba considera responsável pela melhor música feita em terras lusas e de quem sente bastantes saudades.
Apesar de ainda não ter escutado o single de estréia "Polaroids", o Imberbe acredita que o lado electro-pop da banda de "Sete Mares" estará presente em força no primeiro álbum do trio, a editar nos inícios de 2006 e aguarda pois com incontida impaciência o seu lançamento.

sábado, outubro 22, 2005

O benefício da dívida


Fonte anónima mas amiga do Imberbe avisou-o que o Economista Silva comprou carro novo. Ora, como toda a gente sabe, incluindo ex-governantes amantes de bolo-rei e coqueiros, tais artefactos necessitam de algo a que se convencionou chamar "rodagem", eufemismo que desde 1985 significa algo como "vou ali à Figueira da Foz ganhar um congresso e já venho".
Dá-se o caso que, neste ano da desgraça de 2005, o mapa português sofreu uma mutação, fruto de um vírus enviado dos confins do ciberespaço por um "hacker" pan-europeu que assina com as iniciais "DB", e a Figueira situa-se agora algures em Belém (não a Belém bíblica, mas a dos pastéis de nata...).
Dando de barato que o emérito Professor Doutor, após descer das estratosféricas alturas em que tem planado estes últimos anos, se apercebeu de tal facto, fica a pergunta: irá o distinto catedrático encetar essa já anunciada e homérica demanda sem encontrar escolhos, ou o antigo Salvador da Pátria, assim que se desembarace do seu agora infiel escudeiro Sancho Pança, conseguirá reunir forças para, num último esforço, levar de vencida os moinhos de vento de Boliqueime?

domingo, outubro 16, 2005

Autár-quecas

Passados sete dias desde as autárquicas e desvanecidos que foram os festejos, encómios, insultos e funerais pós-eleitorais, o Imberbe sente chegado o momento de serena mas galhardamente espalhar a sua diátribe plena de fel sobre tão infausto evento.
Começa pois o escriba por pedir desculpa pelo pendor fortemente escatológico destas funestas linhas, mas sente-se sodomizado, empalado e até defenestrado pelos resultados da pleita.
Em Felgueiras, a Fátima homónima, Santa Padroeira de Portugal e das Terras de Vera Cruz, venceu por larga margem os inimigos da democracia, vulgo juízes. Na Ourolândia, também conhecida como Gondomar, o Major Tenor levou de vencida as hostes inimigas, graças a tácticas guerreiras a cuja audácia os poetas de tempos vindouros entoarão loas. Em Oeiras, o tio mais famoso do país enfrentou com garbo a tia mais fashion da região, a qual, isaltinada por completo, cedo reconheceu a derrota. Em Santarém, terra de impantes equídeos, a plebe local deixou-se encantar pelas flores das moitas bravias. Em Vila Nova de Gaia, o Pediatra-mor da nação conquistou mais um mandato, desta vez flanqueado pelo Mário "O Fantasporto não é um festival de cinema fantástico" Dorminsky, o que significa que em Fevereiro de 2006 teremos a primeira edição do "Fantasgaia, Festival do Cinema para Amigos e Afilhados". Em Matosinhos, terra de pescadores e de planos urbanísticos, o Padrinho não concorreu mas o seu fiel delfim e príncipe regente velará, com zelo de apparatchik, pela herança da família. Na Invicta, o Economista Rio, económico em promessas e parco em feitos, conseguiu convencer o povo incauto.
Valha-nos que as orgulhosas e sadias gentes de Amarante não se deixaram comprar por três dinheiros e devolveram a probenda marcoense à procedência, por manifesta ultrapassagem do prazo de validade.
Enquanto isso, em Roma, perdão, em Lisboa, Sócrates continua a tocar o seu violino...

Fitas #2


Joss Whedon nunca foi do especial agrado do Imberbe, imune às desventuras de Buffy. Para o escriba, a anorética vampire-slayer nunca passou de uma beta da Foz (ou de Cascais, pronto...) com tendências góticas e, heterossexual impedernido como é o Imberbe, David "Angel" Boreanaz também o deixou impassível. Além disso, nunca lhe perdoou o crime de lesa-majestade que foi ter escrito "Alien Ressurrection" (ok, Whedon sempre se defendeu afirmando que Jean-Pierre Jeunet lhe destruiu o script, mas convenhamos: clonar Ripley? Please!).
Foi pois sem quaisquer expectativas que se deixou levar a ver "Serenity", a versão cinematográfica da série "Firefly", cancelada após uma temporada televisiva nos EUA.
E o que viu o Imberbe? Pois apenas e só um dos melhores filmes de FC de todos os tempos e sério candidato a surpresa do ano. Diálogos brilhantes, actores a debitá-los com evidente prazer (como estamos longe da pomposidade pseudo-teatral de certas franchises hollywoodescas!), efeitos especiais usados com parcimónia e um humor acutilante.
Senhor George Lucas, viu o filme? Então daqui a dez anos, quando se lembrar de fazer uma terceira trilogia Star Wars, já sabe onde ir buscar inspiração!

Fitas #1


Se houve fita que nos últimos anos deixou o Imberbe de boca aberta foi "The life aquatic with Steve Zissou" do alien Wes Anderson.
Com um humor leftfield pintalgado de alguma nostalgia, personagens inesquecíveis e cenários brilhantes (alguém consegue esquecer o "Belafonte"?) Um peixe fora de água" (na sagaz e oportuna tradução lusa), além de ter recuperado as sapatilhas "Adidas" das profundezas so esquecimento, ainda conseguiu a proeza de revelar ao mundo que as canções de David Bowie são muito melhores em português-do-Brasil do que no original, cortesia de Seu Jorge e da sua guitarra acústica.
Agora que esta maravilha do celulóide está disponível em formato digital, o Imberbe agradecia que acorressem em massa às lojas!

Utilidades #5


Só agora o Imberbe logrou colocar as suas garras em "Heat", o segundo álbum do projecto Colder, alter-ego musical do designer parisiense Marc Nguyen Tan. Nele, o francês desenvolve as coordenadas "Joy Division-New-Order-Gang-of-Four-com-um-grãozinho-cold-wave" do álbum estréia "Again" e consegue o milagre de ignorar o síndrome do "difícil segundo álbum".
Os tímpanos do Imberbe, comovidos, agradecem ao amigo Marc tesouros como "Wrong baby" ou "To the music" e prometem não se esquecer deste disquito quando chegar a fatídica época de balanços do ano...

terça-feira, outubro 11, 2005

Música a metro


Portugal ainda tem salvação!
Não é que o Imberbe, ao passear o seu idólatra esplendor pela estação de Metro do Marquês (o escriba refere-se, naturalmente, ao metro do Porto...), sentiu despertar o seu apurado sentido de audição ao ouvir, brotando do sistema sonoro da estação, "Risky", o fabuloso tema de Ryuichi Sakamoto com a voz de Iggy Pop?
Numa altura em que, como uma praga malfazeja que enxameia autocarros, agências bancárias e até centros de saúde, a música-para- elevadores-ascensores-e-professores-que-gostam-da-RFM nos castiga diáriamente os tímpanos com horrores do género Sting (vade retro, Satanás!), Joe Cocker (te renego, mafarrico!) ou Simply Red (te esconjuro, Belzebu!), é com alívio que o Imberbe regista o bom-gosto dos responsáveis pelo metropolitano tripeiro...

domingo, outubro 09, 2005

Utilidades #4


O Imberbe avisa: não é todos os dias que um disco assim aterra no seu covil fétido e lúgubre. "Alligator", dos norte-americanos The National, é daquelas preciosidades, aparentemente vindas de nenhures (neste caso o Ohio), a quem o rótulo "QPDDEE" (sigla que os melómanos virados para a criptografia traduzem como "que-porra-de-disco-espectacular-este") assenta que nem luva de pelica. Canções como "Lit up" ou "Daughters of the Soho riots" têm o condão de fazer o Imberbe ensaiar estranhos passos de dança em frente ao espelho.
Ainda não estão convencidos? Então façam o favorzinho de visitar os rapazes em

quarta-feira, outubro 05, 2005

Utilidades #3


Vini Reilly, amigo de Portugal como há poucos, mentor e alma mater do projecto Durutti Column, que muitas alegrias sonoras trouxe ao Imberbe e a todos os que, como ele, partilham da idéia de que a música deve ser fruída e não vendida a peso, escutada e não negligenciada, amada mas não saqueada, traz-nos uma pérola do seu vasto repertório: "Amigos em Portugal" , disco originalmente editado em Dezembro de 1983 pela extinta e saudosa Fundação Atlântica do imberbe-mor Miguel Esteves Cardoso e agora -finalmente- editado no formato CD, o que sucede pela primeira vez.
Outros eram os tempos, em que os nomes "Sara" e "Tristana" significavam, para o melómano instruído, o título de uma faixa do álbum e não os nomes de apresentadoras de medíocres reality-shows (em ambos os casos as filhas gémeas de Miguel Esteves Cardoso, mas trata-se de mera e infeliz coincidência...).
Mas, perguntam vocês, como raio o M.E.C. conseguiu editar, na sua minúscula mas bem intencionada editora, um LP dos já à época prestigiados Durutti Column? É essa a história que aqui vai ser contada...
Temos pois que recuar aos idos de 1977, onde um pubescente Miguel Esteves Cardoso, recém-chegado a Manchester para iniciar os seus estudos universitários de Sociologia Política (sim, naqueles bárbaros tempos cursos como Gestão, Economia e Direito ainda não existiam, razão pela qual os políticos da altura eram todos militares...), mas mais interessado em conhecer as actividades noctívagas do velho burgo industrial, tropeça num certo "Factory Club", velho pub manhoso e cheio de ranço que um jornalista de seu nome de baptismo Anthony H. Wilson decidira reconverter em clube rock e onde actuavam bandas de nomes estranhos como Buzzcocks, Cabaret Voltaire e um quarteto que muito impressionou o jovem luso. Chamavam-se a si mesmos Joy Division e, capitaneados por um vocalista epiléptico que cantava letras da sua autoria, tocavam um rock visceral de fortes laivos punk. Numa dessas noites, conheceu um rapaz esquálido e tímido de seu nome Vini Reilly que, acompanhado de uma guitarra eléctrica Gibson e de uma caixa-de-ritmos primitiva, tocava uma música belíssima, etérea e impressionista, primordialmente instrumental.
Ao regressar à nossa pátria ditosa, M.E.C. enveredou pelo jornalismo musical. Quem se lembra das suas crónicas nos extintos pasquins "O Jornal" e "Sete" deve ainda hoje soltar risadinhas de prazer ao recordar o iconoclastismo do escriba. A quem nunca leu, o Imberbe aconselha a aquisição do livro "Escrítica Pop", onde tais crónicas se mostram colectadas em edição Assírio & Alvim.
Mas M.E.C. queria algo mais. Com a ajuda dos amigos Pedro Ayres de Magalhães e Francisco Sande e Castro (que entrou com o sempre necessário capital...), decidiu aventurar-se nos terrenos escorregadios e traiçoeiros da edição musical. Aliando-se à filial portuguesa do gigante EMI, fundou uma editora a que deu o nome "Fundação Atlântica".
Após as primeiras e bem-sucedidas edições (como o single estréia da Sétima Legião, o clássico "Glória") M.E.C. e os seus acólitos decidem editar um disco de um artista internacional. Ao bom estilo M.E.C., a operação é rápida: aproveitando a visita a Portugal de Vini Reilly (que mantivera com M.E.C. laços de estreita amizade) para uma série de shows, alugam os estúdios de gravação de Paço D'Arcos e, num fim-de-semana (pois o orçamento não dava para mais), gravam aquele que seria "Amigos em Portugal", um futuro clássico.
Claro que a Fundação Atlântica pouco mais durou, vítima do romantismo sem concessões e da inocência dos seus mentores. Fica-nos como legado, entre outros discos notáveis, "Amigos em Portugal"...