domingo, outubro 16, 2005

Autár-quecas

Passados sete dias desde as autárquicas e desvanecidos que foram os festejos, encómios, insultos e funerais pós-eleitorais, o Imberbe sente chegado o momento de serena mas galhardamente espalhar a sua diátribe plena de fel sobre tão infausto evento.
Começa pois o escriba por pedir desculpa pelo pendor fortemente escatológico destas funestas linhas, mas sente-se sodomizado, empalado e até defenestrado pelos resultados da pleita.
Em Felgueiras, a Fátima homónima, Santa Padroeira de Portugal e das Terras de Vera Cruz, venceu por larga margem os inimigos da democracia, vulgo juízes. Na Ourolândia, também conhecida como Gondomar, o Major Tenor levou de vencida as hostes inimigas, graças a tácticas guerreiras a cuja audácia os poetas de tempos vindouros entoarão loas. Em Oeiras, o tio mais famoso do país enfrentou com garbo a tia mais fashion da região, a qual, isaltinada por completo, cedo reconheceu a derrota. Em Santarém, terra de impantes equídeos, a plebe local deixou-se encantar pelas flores das moitas bravias. Em Vila Nova de Gaia, o Pediatra-mor da nação conquistou mais um mandato, desta vez flanqueado pelo Mário "O Fantasporto não é um festival de cinema fantástico" Dorminsky, o que significa que em Fevereiro de 2006 teremos a primeira edição do "Fantasgaia, Festival do Cinema para Amigos e Afilhados". Em Matosinhos, terra de pescadores e de planos urbanísticos, o Padrinho não concorreu mas o seu fiel delfim e príncipe regente velará, com zelo de apparatchik, pela herança da família. Na Invicta, o Economista Rio, económico em promessas e parco em feitos, conseguiu convencer o povo incauto.
Valha-nos que as orgulhosas e sadias gentes de Amarante não se deixaram comprar por três dinheiros e devolveram a probenda marcoense à procedência, por manifesta ultrapassagem do prazo de validade.
Enquanto isso, em Roma, perdão, em Lisboa, Sócrates continua a tocar o seu violino...